Nas ruas de Istambul, Mehmet, um catador de papel, decide ajudar um garoto e acaba tendo que confrontar os traumas da própria infância.
Dados técnicos
Título original: Kagittan Hayatlar
- Data de lançamento: 12 de março de 2021 (Brasil)
- Direção: Can Ulkay
- Roteiro: Ercan Mehmet Erdem
- Gênero: Drama
- País: Turquia
- Duração: 97 min
- Classificação: 16 Anos
- Orçamento: $- milhões
Elenco
Opinião com spoilers
Conheci Çagatay Ulusoy em 2018, com a série O Último Guardião. Mesmo o filme estando na categoria de drama, ainda estava achando que seria algo voltado para ação e aventura.
Assistindo ao longa, não se tem dúvidas que o foco é no drama, mas o roteiro nos prende por ter um ritmo acelerado em meio a melancolia. Trazendo a realidade de quem vive na rua ou em extrema miséria, que tem seguir em frente, mesmo com todas as dificuldades extremas.
Na apresentação do garoto que fugiu de casa e vai parar no local de trabalho do protagonista, o enredo começa a "enganar" o espectador, ao sugerir que o desfecho já está traçado.
Seria muito preguiçoso da parte do roterista, apresentar uma história em que o protagonista está juntando dinheiro para um transplante que precisa e no mesmo momento, aparece uma criança que precisa de dinheiro para fugir com a sua mãe.
No desfecho o espectador descobre que o roteirista não foi preguiçoso, mas arriscou bastante. Para quem é muito ligado em filmes, pode até desistir de assistí-lo, por achar que já sabe como irá terminar.
O grande acerto no longa, é ser muito coerente. Apresenta um protagonista que não é mocinho e nem vilão, apenas um ser humano lidando com seus traumas, vivendo na linha tênue do bem e do mal, da realidade e da imaginação.
O roteiro joga várias migalhas até o desfecho, possibilitando a frustrações dos espectadores que são detetives e já buscam sabem o final, antes do filme acabar. Também há muito mérito nessas migalhas, pois prende o espectador que está seguindo as migalhas e acompanhando o fio principal, para juntar tudo no final.
Ercan Mehmet Erdem se arrisca ao ter uma história envolvente e dramática, que pode dividir os espectadores. É um filme com uma história simples para ser um filme, mas conseguiu ser bem trabalhado.
No fim, temos apenas um protagonista que está com um trauma muito profundo e duas pessoas que o acolheram quando criança, e tentam ajudá-lo desde sempre.
Então, se tem um mérito por parte do roteiro e também pelas atuações que são o ponto alto da trama. Ulusoy, consegue trabalhar muito bem as emoções e consegue apoiar o roteiro no suspense de como a história irá terminar.
Gosto muito de filmes que conseguem trabalhar com pouca história e pouco orçamento. Mesmo sem saber quanto foi o orçamento, estou me referindo a ter poucos atores e poucas trocas de locação.
É um ótimo longa para refletir e ter uma visão sobre caminhos que a vida nos leva. Nem sempre fica claro quem são os vilões e os mocinhos, apenas devemos seguir os sonhos e fazer valer o momento que temos aqui na terra.