Porta dos Fundos - Contrato Vitalício

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Rodrigo(Fábio Porchat) e Miguel(Gregório Duvivier) são dois amigos e ganham um prêmio em Cannes pelo filme que realizaram. Os dois saem para comemorar e Rodrigo assina, em um guardanapo de bar, um contrato vitalício que garante que ele estaria em todos os filmes que o Miguel fizer. No entanto, Miguel desaparece e só retorna dez anos depois. Quando reaparece, ele leva para Rodrigo, agora um ator consagrado, a proposta de um filme insano que pode destruir sua carreira.

Elenco

Gregório Duvivier, Fábio Porchat, Antonio Tabet, João Vicente de Castro, Luis Lobianco, Thati Lopes, Marcos Veras, Júlia Rabello, Gabriel Totoro, Rafael Portugal e mais.

Dados técnicos

Título original: Porta dos Fundos - Contrato Vitalício

  • Data de lançamento: 30 de junho de 2016 (Brasil)
  • Direção: Ian SBF
  • Roteiro: Fábio Porchat e Gabriel Esteves
  • Gênero: Comédia
  • País: Brasil
  • Duração: 100 min
  • Classificação: 14 Anos
  • Orçamento: R$ 6 milhões

Personagens em destaque: Rodrigo Fábio Porchat e Miguel Gregório Duvivier.

Roteiro

Temos uma história voltada para a comédia que tem os seus pontos dramáticos e de reflexão. Aí que mora o perigo. O cinema nacional ainda tem muito chão pela frente, até pela questão óbvia de orçamento. E se ter um filme nacional que tem mais de um foco, é uma aposta bem alta.

O enredo principal tem uma linha simples, que se baseia em dois amigos que depois de 10 anos sem se ver, retomam a amizade e fazem um filme.

Temos o enredo dramático que tem o foco no personagem principal, onde o mesmo se vê com sucesso, mas só fazendo coisas que não gosta e rodeado de pessoas que não ligam para ele.

E temos o enredo metafórico que mescla os enredos citados. Se trata dos desaparecimento dos personagens principais, que ao meu ver seria a respeito das pessoas que vão atrás do seus sonhos e que não tem os holofotes da fama.

Principalmente o ponto metafórico muitos espectadores não entenderam, pelo que vi de comentários na internet. Só lembrando que foi essa a minha interpretação, não vi nada oficial sobre o roteiro.

Conhecendo o trabalho do Porta dos fundos na internet, a excerptativa fica bem grande sobre a comédia. Mas mantendo a linha de sátira que apresentam na internet, também levam isso para as telonas. Infelizmente, repete algumas vezes as mesmas piadas, dando um ritmo um pouco chato.

Acredito que o maior ponto negativo, foi o longa finalizar com a ideia de reflexão. Mesmo tendo comédia no pós crédito, os instantes finais, é o momento que vai determinar se o público vai sair satisfeito ou não.

O roteiro tem muitos problemas de oscilação, frustrando os momentos de comédia, com os momentos dramáticos do personagem principal. Assim, damos gargalhadas, logo em seguida continua o drama do enredo, esquecemos um pouco de como foi a última piada, se repete uma piada, depois segue o enredo. E com o final de reflexão, acabamos esquecendo dos momentos de gargalhadas. Aí, fica a sensação do esquecimento dos pontos altos e ainda se soma quem não entendeu algumas referências e metáforas.

Interpretação

Pra mim, o ponto alto foi a atuação dramática de Porchat, mas tenho de lembrar que se trata de um longa de comédia. Mas a sua atuação estava muito convicente e salvou em alguns momentos de piadas repetidas.

Outra pessoa que se destacou, foi o João Vicente. Entrou bem no personagem, tirando risadas sem esforço.

Fotografia

Essa responsabilidade fica por conta do Gui Machado, que é jornalista e passou 3 anos em New York estudando fotografia, direção de cena e computação gráfica.

O mesmo prioriza mais um bom quadro do que uma boa luz. Não me lembro de algum momento que a luz chamou a atenção, mas o enquadramento sim. Não me recordo exatamente da cena, mas era em cima do personagem do Porchat, que estava atrás de uns copos. Esse foi um momento que me chamou a atenção.

Figurino

Valeria Stefani, fica no comando do figurino. E essa parte deu um bom trabalho, pois foram 1.521 trocas de roupas. Se tratando de um filme feito dentro de um filme. Assim, o número de trajes também duplicou.

Stefani, tem um bom currículo no cinema brasileiro e fez um bom trabalho em filmes, como: Terra Vermelha(2008), A Suprema Felicidade(2010), Heleno(2011), Faroeste Caboclo(2013), Getúlio(2014) e mais.

Direção

A direção fica por conta do Ian Raul Samarão Brandão Fernandes, que é diretor, roteirista, produtor, editor e diretor de fotografia. É mais fácil chamá-lo de Ian SBF. :)

O mesmo já é conhecido pelas produções na internet e pelos filmes: Podia Ser Pior(2010), Teste de Elenco(2011) e Entre Abelhas(2015).

Entretenimento

Uma sátira já perde alguns pontos porque não consegue agradar a grande maioria do público. O longa me faz lembrar de Ave, César!, que também foi lançado esse ano. O mesmo conta com várias celebridades que levam milhões de espectadores ao cinema e mesmo com uma super produção, só arrecadou 3 vezes o valor do orçamento. E isso para uma produção desse nível em Hollywood, é pouco.

Partindo desse princípio, mais a oscilação no roteiro, acredito que não seria a primeira opção de assistir, para os filmes que estão em cartaz.

Curiosidades

  • A primeira fala do filme, e também do trailer, que acontece durante a premiação de um festival de cinema, é em russo e significa algo como: eu não sei falar russo e eu aprendi a falar isso com uma professora.
  • O pai do Gregório Duvivier faz uma participação como o ator que entrega o prêmio para os dois protagonistas, os personagens de Porchat e do filho, no festival.
  • O personagem do Fábio Porchat, Rodrigo, recebe um jato de lama e excremento que na verdade é feito de café, farinha de trigo, chocolate e um pouco de corante. O problema é que o Fábio odeia café.
  • O beijo dos personagens de Fabio Porchat e de Gabriel Totoro foi filmado quatro vezes.

Conclusão

O longa tem muitos pontos interessantes, referências e reflexões. Mas pecou em ter muitos ingredientes importantes, não deixando o "bolo", fica o tempo necessário no forno. Com isso quero dizer, que se analisarmos todos os detalhes, teremos muito sobre o que falar. Mas temos que lembrar, que ir ao cinema para ver uma comédia, já é um sinal que queremos um entretenimento com poucos detalhes, pouca reflexão e que seja hilariante na maioria das cenas.

Acredito que foi fiel a linha de vídeos que temos no canal do Porta dos fundos na internet. Mas é diferente esse tipo de vídeo com 3 minutos e um com 100 minutos. Acompanho o canal, e em suas maioria são vídeos bem feitos, sobre um assunto interessante para se discutir, mas nem sempre engraçados.

Essa foi a impressão que o filme deixou. Um longa que veio mais para deixar uma mensagem, fazendo os espectadores rirem de si mesmo, com essa nossa realidade virtual de viver no Snapchat e outras redes sociais, mas não em sociedade.

Sendo um filme bom, mas deixou a desejar no seu ritmo e mistura de sentimentos que proporciona.

Não posso deixar de citar que ganha um grande respeito por não apelar nas piadas. Veio com um humor inteligente, que merece ser melhor trabalhado para o ritmo de um longa.